. quando dei por mim estava aqui, #2 .
daquelas edições tão lé-com-cré que não consigo pensar num subtítulo
o estabelecimento recebeu uma atenção inusitada na última semana e me ocorreu olhando a lista de inscritos que tem uma pá de gente nova então primeiramente oi :), eu sou a raquel e essa newsletter é tipo a gaveta de vegetais da geladeira de meu subconsciente. se algo não faz sentido é porque (1) possivelmente não faz mesmo, relaxa, mas (2) talvez eu esteja revivendo um assunto do qual falei num blog zip.net em 2005. fique à vontade para se apresentar e/ou perguntar o que está acontecendo aqui.
[PRIMEIRAMENTE! todos os relatos desta newsletter (não) estão sendo patrocinados por este acontecimento]
dá um pavorzinho? dá. dá vontade de descobrir como é ter férias pela primeira vez desde 2016? dá também. quem está ganhando? depende da hora em que a pergunta é feita, às 3 da manhã geralmente era a primeira opção mas comprei melatonina na dollarama e o próprio conceito de horário comercial se encontra derretido.
e o que importa é que estou rica… de experiências! nenhuma delas minimamente relevante no contexto vigente, mas tenho aí 5 meses para descobrir a minha arte e uma forma de vendê-la no farmers market aqui da esquina.
só não me faça discorrer sobre o preço da royal canin que eu começo a chorar aqui mesmo.
[nos tópicos relacionados]
queria ter sido amiga de clarice para ela me garantir que de avião caído não morro porque a cartomante assim o prometeu, que nem ela fez com lygia. gosto de gente que pega uma superstição minha e coloca por terra por intermédio de outra superstição ainda mais desarrazoada.
a propósito de nada também. é que coisa boa sempre me faz pensar em cataclismas.
[as palavras dos outros]
“By the time I had finally climbed down the mountain path that led to the beach, I had journeyed as far from myself as I have ever been, far, far away from any landmarks I recognized. I was flesh thirst desire dust blood lips cracking feet blistered knees skinned hips bruised, but I was so happy not to be napping on a sofa under a blanket with an older man by my side and a baby on my lap.”
- Hot Milk, Deborah Levy
[cathy.jpeg*]
pois não disponho de mil palavras.
*se pegou o bonde andando por favor volte um episódio
pode não parecer mas eu estou ( ) tendo um meltdown ( ) me divertindo bastante
não gosto de falar “aqui isto” ou “aqui aquilo” porque descamba para a generalização vazia. mas aqui tem, sim, outro ritmo. todo mundo me passa essa sensação de estar ligeiramente atrasado e não dar a maior das importâncias. as pessoas surgem. na sua porta, entende. a nível de visita mesmo. contam uns acontecimentos e vão embora quando deus toca o coração delas.
tem um código subentendido, é claro. regras de conduta que assimilo tanto quanto o sistema métrico.
(eu, a pessoa que ia e vinha dos cômodos pelas janelas para não ter que dar oi para as visitas. estou muito bem ambientada.)
a visita que surgiu aqui antes do almoço ajudou a tirar uns móveis do galpão e agora está apenas reinando absoluta na sala, assistindo beisebol e usando um largo chapéu de palha. aparentemente ninguém sabia que ele vinha, ele por sua vez não parece ter nenhuma intenção de ir embora, e vamos levando assim. steve é o nome dele. já me conformei que na minha vida sempre haverá uma pessoa chamada steve e nunca vou entender mais do que 3 de cada 10 palavras que eles dizem. literal ou figurativamente.
tudo o que sei sobre beisebol aprendi com as tirinhas do charlie brown no jornal do brasil aos domingos, o que faz de mim uma pobre companhia para debater o que quer que esteja acontecendo na tv. steve tira o telefone do bolso e fala “vou te mostrar minha sala de estar” e era tipo 2 cristaleiras com uma moto no meio. da sala. mas sem as rodas. aí ele fala que tem mais duas na garagem e uma em sei lá que cômodo, sem contar com a que o trouxe e se encontra parada no meio do gramado. sou uma pobre companhia para debater esse tópico também, acho. então só sorrio e concordo. validação é importante.
steve também tenta me convencer de que a pandemia começou em 2017. isso eu já não posso validar, porque fiz corpo mole na semana passada com outra visita e subiu demais no telhado, uma temeridade, a pessoa passou do “só tomei uma dose da vacina e está de bom tamanho” para “NUNCA vou me testar porque se pega uma pessoa mal treinada pode subir a vareta até o cérebro” enquanto eu balbuciava mas mas mas mas mas.
o debate fica meio acalorado. ele faz que acredita em mim mas só larga o osso mesmo depois de perguntar ao google, duas vezes, enquanto estou no banheiro. quando retorno fingimos que a conversa não aconteceu.
[procura-se autora]
diz o tumblr que é uma pessoa chamada joanna ___ já esqueci??. o google em si não me dá maiores indicações.
se souber me conta por gentileza? se for esses negóç de chat gpt eu vou ficar bem triste.
Mulher, eu te amo desde os blogs zip.net e as trilhas foster the people. Obrigada por tudo. 🙏🏼
Seria flora então heathcliff?